sexta-feira, 12 de abril de 2013

O alvorecer de uma nova religião

O cristianismo-feliz, ou cristofelicianismo, é uma religião da Nova Era, derivada do antigo e ultrapassado cristianismo, e caracterizada por sua interpretação literal do texto bíblico, com ênfase nos aspectos homofóbicos, xenofóbicos, sexistas e racistas que eventualmente aparecem nesse livro.

O Culto

As principais características do seu culto são templos lotados com multidões em incontrolável transe autoinduzido, expulsões (no grito) de todos os demônios, diabos, pragas, exus, entidades, “caboclos”, santos e quaisquer outras divindades não pertencentes ao panteão cristão-feliciano, e a prospecção in loco de eventuais financiadores para a obra de Deus (divindade que tentaremos descrever mais adiante). Para as pregações no púlpito é necessário árduo treinamento do pregador, que deverá adquirir uma voz possante e ensurdecedora, com a qual exortará a plateia a abrir suas carteiras e entregar parte de suas economias. A voz possante do pregador também se faz necessária nos momentos de alegria e êxtase, quando é anunciada a morte de algum inimigo de Deus pelas suas próprias mãos, e quando são recordadas as verdades-felicianas.

O deus da religião cristã-feliciana

O deus da religião cristã-feliciana possui características deveras peculiares, todavia, fomos persuadidos a não descrevê-las nesse blogue, por medo de que algum mal entendido provocasse uma represália de seus seguidores mais ortodoxos, ou até do seu próprio deus, que costuma ser cruel e impiedoso. Mas, em resumo, é aquele deus vingativo do Antigo Testamento, mas que, de vez em quando, fica inexplicavelmente compassivo e bondoso.

A origem do nome


O nome cristofelicianismo deriva da antiga expressão “Cristo é feliz!”, supostamente bradada pelos primeiros fiéis como resposta à exortação de cada uma das sete verdades-felicianas. Cristão-feliciano (ou, às vezes, cristão-feliz) é como costuma-se chamar o seguidor do cristofelicianismo.

As sete verdades da religião cristã-feliciana


1- Deus amaldiçoou o povo africano
2- Deus criou a mulher para servir ao homem
3- Deus abomina os homossexuais
4- Deus matou John Lennon
5- Deus matou os Mamonas Assassinas
6- Deus afundou o Titanic
7- Deus é amor

 De um pequeno grupo, para o mundo inteiro

O Cristofelicianismo veio a público depois que seu maior representante conseguiu o cargo de presidente da CDHM - Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O movimento tomou notoriedade depois que alguns humanos pertencentes a grupos minoritários entenderam que a entrega da presidência da CDHM a um cristão-feliz representaria uma ameaça a futuros avanços na área. Entretanto, a eleição da presidência deu-se sem nenhuma ilegalidade (apesar do contrassenso), o que evidencia a forte influência da nova religião, não só no meio político, mas em todas as esferas da sociedade.

[PAUSA PARA O CAFÉ...]
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Agora falando sério

Não se trata de denegrir religião ou religiosidade alguma, mas de observar os limites. Não os limites impostos ou não por leis ou pela Constituição (na qual alguns bolsonaros da vida buscam equivocadamente um delirante “direito ao preconceito”), mas os limites do bom senso. “Africanos estão fodidos porque não aceitaram a Deus.”, “A Aids é culpa dos homossexuais”, etc. Em pleno século XXI há pessoas que se satisfazem com essas respostas tão inocentes e simplistas para problemas nada inocentes e nada simples! É claro que é um direito de qualquer um aceitar ou não qualquer explicação para qualquer coisa, mas não é direito de ninguém usar (ou abusar) de seu justo direito à fé para incitar ódio e violência a pessoas ou grupos de pessoas. Veja isso: em pleno século XXI (ou talvez, quem sabe, por causa do sec. XXI) há pessoas que sentem prazer em imaginar que um assassinato poderia ser justificado por uma causa divina.



Fico imaginando quanto tempo falta para as pessoas se sentirem à vontade para sair à rua dando tiros em mim ou em você, não por causa de um tênis ou cinco reais - mas em nome de uma divindade.

Observe a fala do pastor (fazendo de conta que fala com o cadáver): “esse foi em nome do Pai, esse em nome do Filho e, esse, em nome do Espírito Santo”. Percebeu o prazer no seu rosto e na sua fala enquanto ele se imaginava na presença de uma pessoa alvejada por três tiros? Percebeu o gozo da plateia? Se isso não é incitação ao ódio e à violência, então podem me internar. Por isso, sem rodeios: se essa aí é a “trindade” (ou como quer que a chamem) eu quero mais é que o cu dela pegue fogo! (o cu DELA, não o meu, nem o seu, nem o de ninguém) E que ela, se quiser me dar três tiros, não seja covarde em mandar um mensageiro, mas que o faça pessoalmente!

Divirta-se (ou não) com mais pérolas do cristofelicianismo




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