terça-feira, 19 de abril de 2011

Aniversários versáteis

É bem verdade que falar de política do pão e circo em blogues já virou clichê, mas não consigo resistir. Sobretudo quando posso utilizar elementos da nossa cultura local como exemplo.

Aos fatos: no primeiro de maio, data em que tradicionalmente “homenageamos” a figura do trabalhador, aqui, nas colônias no Além-Tejo, algum marqueteiro esperto teve uma ideia brilhante: comemorar o aniversário de uma empresa. Só não sei se a ideia ocorreu há mais de cem anos (o que comprova a visão de futuro e o empreendedorismo nato de nossos antepassados) ou se foi num momento posterior à criação da empresa (o que comprova que nada acontece por acaso e que Deus está do nosso lado). Mas, seja por milagre, coincidência ou esperteza, em Carlos Barbosa, primeiro de maio é, antes de mais nada, aniversário da nossa Fantástica Fábrica de Panelas e, por extensão (e por ser inevitável), dia do trabalho. Do trabalho.

Na nossa terra, confundir trabalho com trabalhador é comum. Como um não existe sem o outro, nada melhor do que simplificar as coisas: eles bem que poderiam ser sinônimos. Mas deixemos os detalhes gramaticais de lado. Estávamos falando de pão e circo. No dia primeiro de maio vamos celebrar a chegada do pão.

Quanto ao circo, a ACBF já fez aniversário. Em abril. Não sei bem em que dia, mas sei que na festa de aníver da nossa “laranja mecânica” (Kubrick, perdoai-nos) teve bolo com velinhas, cover do Élvis e show de pagode. Uma festa de aniversário mais ou menos comum, com um aniversariante alaranjado. Há quem diga que alguns convidados também eram laranjas... Enfim, ruas com decoração laranja, meios-fios laranjas. O mundo é uma laranja (segundo Chapolin)...

Não tenho dúvidas que a paixão pelo trabalho e a paixão pelo futsal são frutos de um mesmo processo. Na verdade, nosso pão e nosso circo saem das mesmas mãos e, com a graça divina, caem em nossos pratos e lares. Mas, diferente da Roma Antiga, no nosso caso, não é o governo o principal fornecedor desses elementos fundamentais. Ou então, o governo está deixando de ser quem pensávamos que fosse. A ideia de sermos governados, de fato, não por representantes no Executivo ou Legislativo, mas por empresas, por presidentes vitalícios escondidos atrás de suas instituições gloriosas, ou por grandes interesses de meia dúzia de famiglie tradicionais não me parece absurdo. Aliás, me parece bem coerente.

Mas tenho que terminar esse texto e não estou muito feliz com ele. Sempre fico com a impressão de que os meus títulos prometem mais do que o texto dá. Mas, de qualquer forma, tenho que colocar um ponto final nesse textículo e cuidar dos meus testículos, afinal, barbosense que se prese deve amar suas panelas e suas laranjas. Incondicionalmente.

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