terça-feira, 18 de janeiro de 2011

E a revolta continua...

Mais um texto na linha de implicância com as maravilhas da modernidade ou pós-modernidade (vá lá, não sei a diferença...).

Na Internet ninguém quer ficar preso a um só texto, a um só site. O rio de links precisa fluir mesmo que sua correnteza nos leve sempre aos mesmos locais. Mesmo que os locais não sejam nada originais.

As informações, sejam elas wikipedianas ou submarinas, precisam ser, sem exceção, comercialmente úteis. As próprias exceções (se forem reais) podem ser medidas pelo seu potencial mercadológico.

Há, entretanto, comédia na tragédia. Após assistir Efeito Borboleta, coloquei no Google: teoria do caos. O resultado? Este: "compare preços de teoria do caos no BuscaPé" . Só Deus sabe quanta merda existe na Web.

Saí da frente do computador com a impressão de ter sido enganado. Apalpei meus bolsos e senti minha carteira lá. Alívio. Mas o relógio não mentiu. Mostrou-me que foram debitados exatos 30 minutos de minha vida na simples busca pela busca de qualquer coisa. 

Mas falar de teoria do caos é da hora...
A Internet é a verdadeira Terra de Ninguém. Lá o tempo não passa. Ela não é uma ferramenta, mas um enorme vibrador massageando egos mundo afora e, claro, vendendo produtos essenciais à felicidade humana. Você nunca acessou uma página e recebeu a mensagem dizendo que você é o milionésimo usuário e deve clicar no link para retirar o seu prêmio? Fico me perguntando se alguém ainda clica nessas porcarias. Ou se o "empresário" que paga para colocar esses anúncios acredita que alguém ainda clica naquilo. Não basta termos que assistir a um mar de publicidade torpe na estrada? Será que no futuro teremos que engolir um anúncio, também, a cada vez que abrirmos a geladeira? Ou a cada vez que puxarmos 30 cm de papel higiênico para limpar  o ânus? Na verdade a Internet é também um atentado contra a estética.

Mas sou favorável à inclusão digital. Só que isso é outro assunto, outro debate com outras consequências. Entretanto, ainda espero pela aclamada "revolução digital" que chegaria com a Internet. Vi algumas mudanças, umas positivas, outras negativas e uma maioria sem cor nem sabor. Particularmente estou feliz por poder comprar livros na Estante Virtual e palhetas para saxofone no Mercado Livre (na minha cidade só tem panelas, queijo e carros). Também agradeço à "revolução" por poder tirar minhas dúvidas ortográficas no Priberam e por ter meia dúzia de leitores que me permitem dispensar o analista. Fora isso...

Por falar em analista, um velho colega de trabalho apareceu-me, há tempos, com uma resenha do Analista de Bagé nas mãos. Na verdade, ele queria que eu fizesse a resenha porque ele não havia encontrado na Internet. Curioso isso. Era um trabalho para um curso de administração da UCZ (Universidade do Coronel Zorbi). Depois desse dia eu passei a acreditar que a Internet fora criada por um grupo de universitários. E compreendi o porquê. Talvez isso tudo tenha a ver com as polaridades do velcro. Tenho um primo entrando na oitava série que jura que jamais ouviu qualquer professor ensinar qualquer coisa sobre a Internet além de como criar e-mail e consultar o Google. Nem mesmo os professores dos cursinhos de informática. Mas, como não poderia deixar de ser, meu primo fica assim... fascinado com os anúncios... Para ele, isso basta...





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