terça-feira, 21 de julho de 2009

Critérios

Não sei se as bibliotecas públicas de outras cidades interioranas, como Carlos Barbosa, fazem o mesmo; mas tenho me questionado sobre o porquê de autores como Zíbia Gasparetto, Rhonda Byrne e Paulo Coelho estarem posando em locais de destaque logo no entrada da biblioteca. Seriam os livros novos? Seriam os mais lidos? Ou ambos? Toda vez que subo aquelas escadas, essa dúvida me assola, mas nunca tive coragem de interrogar a bibliotecária sobre o assunto. Por que não estão lá Jorge Luiz Borges, Guimarães Rosa ou Kafka? Outro dia eu me atrevo, tenho medo da resposta...

Sim, talvez todas as bibliotecas façam isso, seguindo o exemplo das livrarias. Talvez as bibliotecas públicas tenham que satisfazer algum público ou algum cliente, o que explica o fato de nunca faltar uma verbinha para mais um Dan Brown. Deve ser alguma espécie de estatização do neoliberal.

Nossa cidade tem orgulho do tão aclamado "índice zero de analfabetismo". Tenho dúvidas, pois há notícia de alguns vovôs que mal sabem escrever o próprio nome. Também ouvi falar de adultos com sérias dificuldades para ler uma notícia de jornal. Esses não são importantes? Será que consideram somente as crianças em idade escolar? Realmente, preciso me informar sobre os critérios desse índice. Enquanto isso, é melhor não se orgulhar tanto...

Outros números que causaram furor foram os do Idese (índice de desenvolvimento socioeconômico), que colocaram o município em 8º lugar, sendo avaliados os indicadores de renda, saúde, educação e saneamento. Hum... Alguma vez alguém de fora já lhe disse que o pessoal daqui parece extremamente orgulhoso?

E as bibliotecas do primeiro parágrafo? Bem, de quando em quando seu silêncio é perturbado por algum fantasma a procura de algum livro, que no banco de dados da biblioteca também é um fantasma. O cemitério é mais frequentado. A biblioteca de um município tão saudável deveria ser mais visitada, não apenas por alunos do ensino fundamental (em busca de algum artigo do Wikipédia), mas por leitores adultos, cujo nível de leitura tenha crescido com os anos. Talvez eu esteja enganado. Talvez os critérios sejam outros.

E claro, existe outra possibilidade: com tão alto índice de desenvolvimento, é bem provável que os leitores estejam comprando os seus livros. Criteriosamente.
Como diria o Chaves: Ah, bom! Se é assim, sim!


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