quarta-feira, 25 de março de 2009

Encenação da Paixão e Morte de Cristo - Fatos Reais

Está confirmado: 10 de abril às 16h.
Uma 'super produção' capaz de movimentar os mais de vinte mil habitantes-espectadores de Carlos Barbosa. Dá quase mais público do que filme do Homem-Aranha.

Dia dez de abril o barbosense irá vestir roupa bonita, irá à missa, perdoará o patrão, etc. Neste dia, poderemos encontrar pelo menos três gerações simultaneamente. Do velhinho à criancinha, todos estarão comovidos com o mesmo discurso precário, no qual alguns já não acreditam, mas obrigam seus filhos a acreditarem. Também se exorta as pessoas a participarem, atuarem como figurantes no evento. No final, todos serão exaltados, ufanados pelo povo. As minguadas críticas que nossa elite intelectual publicará dirão respeito ao calçado dos figurantes, que - onde já se viu - não poderia ser chinelo de dedo. Teria que ser sandália. De couro.

Deixemos de lado a hipocrisia. Eu mesmo já participei da encenação. Já fui 'soldado romano' (duas vezes) e também 'povo'. Sempre quis ser 'apóstolo', mas como a minha barba é muito ralinha, não foi possível. Mesmo assim, nos divertíamos muito. Até ateus podem se divertir com isso - os que têm estômago. Lembro-me de uma ocasião em que atuei como soldado. Nós aguardávamos escondidos a passagem de Jesus (depois da ceia, do julgamento e tals) para escoltarmos o dito cujo durante a subida do Calvário. Nesse ínterim, eis que surge uma garrafa de Del Grano. Um centurião convida-nos a beber enquanto aguardávamos o julgamento do Senhor. Bebemos muito. Reza a lenda que depois, na altura da primeira ou segunda queda, o centurião, emocionado com sua própria performance, acerta sem querer um relhaço no Cristo. Este grita (diferente de como gritava antes). O público delira. O centurião olha para nós, os soldados, e diz baixinho: "filha da puta, acertei Jesus."

Realmente muita coisa mudou em dois mil anos. Creio que os soldados romanos não trabalhavam semialcoolizados e nem se divertiam tanto. Também foi constatado que eles realmente não usavam chinelos de dedo, não blasfemavam, e como quer o Papa, não usavam preservativos.

Aos 'finalmentes':

Faz parte do nosso "jeito de viver" repetir atitudes sem sentido de forma cíclica. Só para ficar com alguns exemplos: Ano Novo, BBB, Carnaval, (...), Especial Roberto Carlos e Retrospectiva da Rede Globo. Essas coisas já devem estar no nosso DNA, ( talvez seja por isso que a Igreja Católica embirra tanto com questões abortivas e contraceptivas). Nada melhor do que encrustar quase que geneticamente padrões de condutas totalmente irracionais para manter as coisas "do jeito que estão". Nada pessoal, já que eu também tenho minha própria rotina diária de irracionalidades: trabalho, estudo, durmo, acordo, trabalho, estudo... Todos têm. É normal e real... De vez em quando quebro minha rotina me misturando às pessoas para participar ou assistir à encenação da Paixão de Cristo. Afinal, são fatos normais. Fatos reais.




quarta-feira, 18 de março de 2009

Questão de Ética


Por que não seguir o exemplo da AIG? Poderíamos premiar os trabalhadores menos produtivos. Na educação, poderíamos bonificar os professores que conseguirem ficar mais tempo falando besteiras para os alunos (se é que a Yeda já não pensou nisso). Poderíamos premiar estupradores que engravidam menininhas (desde que as mães das meninas sejam excomungadas) e finalmente, na indústria, poderíamos presentear executivos falidores de empresas com empresas novas, estatais fresquinhas.

Agora, falando sério. Me recuso a entrar nesse discurso de que isso é um escândalo, aquilo é um absurdo, etc.. Chamar o caso da AIG de escândalo, até Obama já fez... Absurdo mesmo é constatar que existem pessoas (bem pertinho de nós, assalariados, consumidores de cigarro avulso) pregando que a AIG tem mais é que cumprir os seus contratos e pagar os bônus. Questão de ética.

Somos todos santos.

domingo, 15 de março de 2009

Primeiro post


Talvez Freud possa explicar coisas assim. Talvez não. Mas de fato, edifícios e antenas de transmissão são sempre motivos de orgulho, não importa o que contenham ou transmitam. Tem sido assim desde os tempos de Babel, acredite...
E o tempo passa rápido. Depois de Babel veio a imprensa, o papel (e a bíblia impressa nele), o café expresso e o excesso de sal na sopa. Milhares de anos foram poucos para tanto progresso. Passamos da falta ao excesso, e agora temos excesso de ambos (exceto de sexo, ao que parece, e de prosa poética).
Enquanto a poesia não vem e a prosa rasteja, o mundo gira veloz. Nos edifícios babilônicos de hoje os televisores iluminam os passos, as antenas transmitem as regras, e o Faustão alegra os domingos. Sejamos prosaicos então...